Fies enfrenta baixa adesão em Santa Catarina neste ano

Foto: Lucas Correia / Agencia RBS


Falta de adesão e poucas vagas. Esse é o cenário contraditório apontado pelas instituições catarinenses em relação ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) neste ano. Para driblar a crise e preencher as vagas, o governo federal anunciou mudanças que começam a valer no segundo semestre, como inscrições antecipadas e prazos mais flexíveis.
Das 250 mil vagas com financiamento ofertadas no primeiro semestre deste ano no país, quase a metade não foi preenchida. Em Santa Catarina, apenas 36% das vagas oferecidas nas cerca de 70 instituições ligadas à Associação de Mantenedoras Particulares de Educação Superior de Santa Catarina (Ampesc) acabaram sendo ocupadas. 
Segundo a entidade, que engloba 125 mil alunos, a queda no número de contratos foi de 20% em relação a 2015 – a mantenedora não passou o número de vagas. Algumas dificuldades apresentadas pelas instituições foram: critérios estabelecidos no ano passado, como limite de renda familiar mensal bruta per capita de até 2,5 salários mínimos; e reajuste dos juros, que passaram de 3,4% para 6,5%; além da falta de credibilidade do programa por parte dos acadêmicos.

— O que acontece é que hoje o aluno não quer mais o Fies, não tem mais confiança. Antes tinha aluno e não tinha Fies, agora tem Fies e não tem aluno que queira — afirma o presidente da Ampesc, Expedito Michels, citando  como exemplo a Faculdade Capivari de Baixo (Fucap), onde sobraram 52 de 80 vagas ofertadas. 

O número de alunos da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), do Sistema Acafe, que conseguiu financiamento estudantil pelo fundo caiu 95% em comparação com o primeiro semestre de 2015: de 839 estudantes para 35 no primeiro semestre de 2016.

O principal entrave, de acordo com a gerente de Atenção ao Estudante, professora Márcia Roseli da Costa, é a delimitação de renda máxima per capita de até 2,5 salários mínimos (o equivalente a R$ 2,2 mil) para o candidato ao financiamento. A maioria dos alunos não se encaixa no padrão. Outro problema é que o curso de medicina, por exemplo, teve resultado insatisfatório no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e por isso ficou fora do Fies. 

Furb e Univille também reduziram adesões


Já na Universidade Regional de Blumenau (Furb), no primeiro semestre de 2015 foram 426 novos contratos contra 210 no mesmo período de 2016, o que representa uma queda de 50,7%. 

O secretário-executivo da Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), Paulo Ivo Koehntopp, destaca a relativa sobra de vagas no Sistema Acafe em relação ao Fies, mas não tem um balanço geral dos números, pois o primeiro ciclo ainda está em andamento. No entanto, ele acredita que com as mudanças implantadas neste ano deve haver uma maior adesão por parte dos estudantes.


Neste ano, o cenário é de sobra de vagas, mas o presidente da União Catarinense dos Estudantes (UCE), Yuri Becker dos Santos, acredita que, com as medidas adotadas para este segundo semestre, mais pessoas terão acesso aos contratos:

— Algumas pessoas ficaram receosas com as mudanças do Fies, mas a gente ainda acredita que é um programa importante e que deve ter cada vez mais contratos à disposição. Por mais que alguns alunos tenham ficado de fora do teto, os estudantes que realmente precisam estão dentro do programa hoje — defende.


Na Universidade da Região de Joinville (Univille) não são feitos novos contratos desde julho do ano passado. Segundo a reitora da Univille, Sandra Furlan, a instituição decidiu reduzir a dependência do programa em relação à sua receita em decorrência de todos os problemas registrados com o Fies no ano passado e por isso não vem aderindo ao financiamento. Mas analisa a possibilidade de voltar a participar.

Número de vagas caiu no ano passado

A maior queda no número de contratos do Fies ocorreu em 2015, quando o MEC e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) estabeleceram cortes no orçamento e impuseram critérios que limitaram o número de contratos financiados, como a obrigatoriedade da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e prioridade para cursos com melhor avaliação.

Em Santa Catarina, por exemplo, foram 11.952 contratos formalizados no primeiro semestre de 2014 e 6.051 em 2015, o que corresponde a uma redução de 49,3%.



Algumas mudanças adotadas

Adesão das mantenedoras: até 11 de maio

Divulgação das vagas selecionadas pelo MEC: até 31 de maio
Inscrições no processo seletivo regular: 14 a 17 de junho
Resultado: 20 de junho
Prazo para conclusão da inscrição no Sisfies: a partir de 21 de junho (cinco dias úteis)
Início das inscrições para as vagas remanescentes: agosto de 2016

Ampliação do prazo de conclusão da inscrição por parte do aluno de cinco dias corridos para cinco dias úteis.

Redução do valor mínimo da prestação do Fies de R$ 100 para R$ 50;

Novo critério de cursos prioritários (saúde, engenharia, licenciatura): de 70% para 60%. Demais cursos: de 30% para 40%.

Para ocupação de eventuais vagas sem demanda, está prevista a redistribuição de vagas por mantenedora e nova etapa de inscrição para vagas remanescentes;

Antecipação da seleção do segundo semestre de 2016 para 14 de junho.

Estuda-se ampliar a renda familiar mensal bruta per capita de até 2,5 para 3,5 salários mínimos.

FONTE


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Edital do Fies 2018/1 é publicado

OPINIÃO: A triste herança do FIES

MEC adia para 29 de janeiro prazo de adesão de faculdades ao Novo Fies