Estudo revela os motivos para o alto número de vagas ociosas
Desde o segundo semestre de 2014, as instituições de ensino
superior privado foram obrigadas a lidar com uma série de novas regras para a
concessão do financiamento estudantil público que, somadas à crise econômica
enfrentada pelo país, fizeram despencar em 50% a procura pelas vagas
oferecidas. Até então, o governo federal chegou a ser responsável por financiar
quase um terço dos universitários brasileiros.
“O resultado desse cenário tem sido catastrófico para alguns
estabelecimentos de ensino, que chegam a ter 80% dos alunos vinculados ao
programa do governo federal”, afirma Edman Altheman, diretor-geral das
Faculdades Integradas Rio Branco.
Na tentativa de identificar os principais motivos da baixa
procura pelo Fies e com o objetivo de desenvolver propostas de aperfeiçoamento
das regras, o Semesp produziu uma pesquisa, na qual foram ouvidas 58
instituições de ensino e 5.638 alunos.
Os principais resultados, bem como as sugestões de mudança
foram apresentados ao Ministério da Educação, que aprovou parte dos pleitos do
setor no final de abril. A expectativa das instituições é de que as alterações
nas regras já provoquem algum efeito no segundo semestre de 2016.
De acordo com os respondentes, os principais motivos para a
queda do número de alunos selecionados são as alterações nos valores do limite
de renda (atualmente 2,5 salários mínimos per capita) e a pontuação mínima de
450 no Enem, aliada à restrição para quem zerar na redação.
“As regras acabaram por restringir o acesso não só de alunos
mais carentes, por causa da pontuação mínima do Enem, mas também daqueles de
classe média que ultrapassam o limite de renda exigido e buscam cursos cujas
mensalidades são bastante caras, como por exemplo, medicina”, afirma Altheman.
A diminuição da procura pelo ensino superior em função da
crise econômica, as vagas destinadas para cursos com baixa procura e a pouca
divulgação do programa também preocupam os gestores das faculdades e
universidades.
“Os candidatos procuram constantemente os profissionais da
secretaria para tirar dúvidas tanto sobre o financiamento em si como sobre o
funcionamento da plataforma, que apresenta uma série de deficiências técnicas,
como impossibilidade de fazer uploads por smartphone”, diz Lúcia Teixeira,
presidente da Unisanta.
Do lado dos alunos que tentaram se inscrever no programa
também chovem reclamações, de diversas naturezas. Entre as principais estão o
baixo percentual de financiamento a que teriam direito, prazo de inscrição
curto, instabilidade no sistema e dificuldade de acesso às informações.
“Muitos de nossos estudantes já perderam prazos porque não
conseguiram acessar o site do Fies ou deixaram de pagar boletos que foram
recebidos sem datas de vencimento,” afirma Altheman. Falhas técnicas como essas
algumas vezes obrigam o candidato a reiniciar todo o processo.
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