Representante da UNE critica fim do prazo de carência
As regras do novo Fundo
de Financiamento Estudantil (Fies), que acabam com o prazo de carência para
início da quitação da dívida do financiamento, foram criticadas em audiência
pública nesta terça-feira (5). A comissão mista que analisa a Medida Provisória (MP) 785/2017 ouviu
a diretora de Relações Institucionais da União Nacional dos Estudantes
(UNE), Bruna Brelaz.
A estudante defendeu a necessidade de
regulamentação e aperfeiçoamento do Fies, porém deixou claro que as alterações
devem ocorrer em prol do estudante. Ela destacou a atual crise econômica e a
modificação da medida para acabar com o prazo de carência.
— Essa diminuição do prazo de carência nos
preocupa muito por que prejudica o estudante que precisa estruturar a sua vida
profissional após o término da graduação. É contraditório com o período em que
estamos vivendo de crise econômica. Hoje o estudante sai da universidade e não
consegue um emprego em três meses ou até mesmo em um ano – disse.
A representante estudantil ainda indicou que,
no Nordeste, 50% dos jovens de 21 a 24 anos estão desempregados. A senadora
Fátima Bezerra (PT-RN) classificou o fim do prazo de carência como uma mudança
“desconexa da realidade” de crise atual.
O relator da matéria, deputado Alex Canziani
(PTB-PR), não descartou a possibilidade de o aluno só começar a pagar o
financiamento a partir do momento em que estiver empregado.
— Enquanto a pessoa não tem renda ela não
paga o financiamento. Por que ela não passa a pagar a partir do momento que ela
está no mercado de trabalho? Não seria melhor e mais justo? – questionou.
A possibilidade de aumento de mensalidade e
taxas extras fora do valor financiado por parte das universidades privadas
também foi um ponto levantado por Bruna Brelaz. Ela apontou a necessidade de um
ensino superior de qualidade não só nas universidades públicas mas como também
nas particulares.
O número limitado de vagas para alunos de
baixa renda, apenas 100 mil segundo a MP, voltou a ser ressaltado pelos
parlamentares. O deputado Átila Lira (PSB-PI) chegou a classificar como uma
“meta tímida” que poderia atrapalhar as futuras campanhas eleitorais.
A comissão deve ouvir ainda representantes do
sistema financeiro e do governo nas próximas audiências públicas.
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